DESENVOLVIMENTO DE LÍDERES


A solução pela Educação!

21/03/2015 12:26

Na visão de muitas pessoas, uma das principais razões da baixa produtividade brasileira - 56ª do mundo, segundo o World Economic Forum[1], numa economia que está entre a sétima e nona do mundo (https://veja.abril.com.br/noticia/economia/brasil-devera-cair-para-a-9-posicao-entre-as-maiores-economias) - é a deficiência da qualificação educacional dos trabalhadores.

Você pode até achar que este assunto não é da sua conta, mas quando os problemas econômicos nacionais batem a nossa porta é importante pensar em soluções e influenciar para que elas aconteçam.

"Estudos mostram como o investimento nos primeiros cinco anos de vida das crianças pode garantir incremento de até 60% à renda da população e reduzir problemas de baixa escolaridade, violência e mortalidade infantil (https://veja.abril.com.br/noticia/educacao/por-que-investir-na-primeira-infancia-pode-mudar-o-brasil)".

Em seu livro "Feuerstein e a construção mediada do conhecimento", Cristiano Mauro Assis Gomes cita uma matéria da Veja de 1997[2], em que a autora fala de um comportamento assassino de elefantes retirados prematuramente de seus pais e enviados para outros parques.

Segundo o artigo, esses elefantes apresentavam um comportamento muito diferente do habitual à sua espécie. Apresentavam-se muito mais agressivos do que o normal, matando descontroladamente outras espécies, em especial os rinocerontes. Conforme constatou David Barrit, do International Found of Animals Welfare (IFAW), os elefantes tiveram danos muito graves em seu desenvolvimento maturacional, devido à falta de elefantes mais velhos. O fato mais surpreendente, porém, diz respeito à alteração hormonal verificada nestes animais. Vários elefantes machos tiveram o desenvolvimento do hormônio testosterona desengatilhado 10 anos mais cedo do que o normal! A
maturação alterou-se sensivelmente. É interessante que se diga que esses animais não estavam privados de sua interação com o ambiente; eles estavam privados, isso sim, é da relação fundamental com outro ser já maduro, capaz de ativar e conduzir o desenvolvimento biológico desses organismos não maduros. (GOMES, 2002, p.84).

Se a interação com um adulto é tão relevante para os elefantes, o que dirá para os seres humanos?

E qual é a mediação que as crianças de 0 a 5 anos estão recebendo no Brasil?

Segundo a Síntese dos Indicadores Sociais 2013, do IBGE, o percentual de crianças de 0 a 3 anos em creches em 2012 era de 21,2% e o percentual de crianças de 4 e 5 anos na pré-escola era de 78,2% (https://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ibge-educacao-infantil-o-dever-de-casa-do-brasil-para-o-futuro). 

Apesar de hoje todos estarem cientes da importância da estimulação precoce, com uma média de 15,5 crianças de 0 a 3 por turma em 2010 (fonte MEC / INEP / DTDIE - Diretoria de Tecnologia e Disseminação de Informações Educacionais), é difícil conseguir fazer muito mais do que atender as necessidades básicas de alimentação, higiene e segurança das crianças (https://www.todospelaeducacao.org.br/).

E o que acontece com os outros quase 80% das crianças de 0 a 3 anos que não estão em creches e com as crianças de 4 e 5 anos de idade que não estão na pré-escola?

Gostaria de acreditar que estão em casa sendo adequadamente mediadas por pessoas bem preparadas. Infelizmente sabemos que isso não é verdade na maioria dos casos. O nível de privação de estimulação adequada que essas crianças vivem é altíssimo.

Quando entram na escola com 6 anos de idade, estas crianças perderam etapas fundamentais para seu desenvolvimento cognitivo, emocional e interacional. Apresentam um nível de agitação que leva vários professores e pais a julgarem-nas hiperativas, quando na verdade são apenas super carentes de mediação adequada. Não são casos perdidos, mas darão muito mais trabalho do que se tivessem sido adequadamente desenvolvidas na primeira infância. O esforço de remediação é muito maior que o de prevenção, além de, muitas vezes, não ser eficaz, o que faz com que a criança ou adolescente deixe a escola ou pare de se importar.

Segundo o Prêmio Nobel de Economia em 2000, o economista americano James Heckman "A educação é crucial para o avanço de um país - e, quanto antes chegar às pessoas, maior será o seu efeito e mais barato ela custará. Basta dizer que tentar sedimentar num adolescente o tipo de conhecimento que deveria ter sido apresentado a ele dez anos antes sai algo como 60% mais caro" (https://veja.abril.com.br/noticia/brasil/ibge-educacao-infantil-o-dever-de-casa-do-brasil-para-o-futuro).

Um estudo "realizado em uma pré-escola chamada Perry, nos EUA, mostrou que após cinco anos, 67% das crianças que tiveram acesso à educação desde cedo registraram QI acima de 90 - no grupo que pulou essa etapa, apenas 28% atingiu este patamar [...] Ainda de acordo com Heckman, após 14 anos, o grupo que participou do programa de educação infantil teve o triplo de notas satisfatórias ao longo da
vida escolar em comparação com estudantes que não tiveram o mesmo acesso. 'Também houve impacto significativo na redução do envolvimento com criminalidade e até mesmo na capacidade de manter uma relação afetiva estável'" (https://veja.abril.com.br/noticia/educacao/por-que-investir-na-primeira-infancia-pode-mudar-o-brasil).

Mobilize-se então para melhorar a educação infantil no Brasil: seja garantido a educação de seus familiares, seja influenciando para que invistam na educação desde a primeira infância em sua comunidade, cidade, estado, país!  Sua ação pode fazer a diferença!






[1]Fórum
Econômico Mundial



[2]
VARELLA, Flávia. Pais ausentes. Veja, p.91, 15 out. 1997.




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